segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O fim da hegemonia, talvez um dia

No dia 11 de setembro de 2011, o jornal Público lançou uma questão da autoria de Nuno Severiano Teixeira, remetendo os seus leitores para a reflexão. A pergunta era a seguinte: "O atentado ao arquiduque Francisco Fernando da Áustria, em 1914, desencadeou a primeira guerra mundial. Foi o princípio do século XX e o princípio do fim da hegemonia europeia. O atentado do 11 de setembro desencadeou a guerra contra o terrorismo. Terá sido o princípio do século XXI? E o princípio do fim da hegemonia americana?"

Esta é uma excelente questão, merecedora de uma profunda reflexão. A primeira parte da questão, de carácter informativo, envia-nos para um passado distante, mas atual. Depois do atentado de 1914, o mundo mudou, tal como em 2001. No primeiro caso, a Primeira Guerra Mundial e, por consequência, a Segunda Grande Guerra destruíram a Europa e os EUA ascenderam, naturalmente, como a potência hegemónica. No segundo caso, os Estado Unidos iniciaram uma guerra global contra uma tática que conduziu e condicionou a política externa da administração Bush. Aqui começam as diferenças. 
Em 1914, a guerra resultante opôs estados contra estados, isto é, verificou-se um conflito de índole regular. Por outro lado, depois do 11 de setembro os EUA iniciaram uma guerra contra forças irregulares, deixando de haver potências de ambos os lados. Os estados fortes deixaram de representar a grande ameaça, passando a ocupar o lugar os estados fracos, falhados e colapsados. Convém referir a incongruência do termo "Guerra Global contra o Terrorismo". Teoricamente, o terrorismo é uma técnica insurrecional, tal como a guerrilha. Por si só, não representa uma ameaça. A ameaça é quem pratica a técnica. Respondendo à primeira parte da pergunta, devido às mudanças verificadas no mundo após o 11 de setembro pode-se afirmar que, depois dessa data, o século XX terminou e uma nova era começou.
Quanto ao fim da hegemonia americana, a segunda pergunta, a questão assume  novas dimensões, uma vez que é muito difícil definir, corretamente, uma potência hegemónica. Será aquela que tem maiores meios militares ou financeiros?  De facto, os EUA ainda são a maior economia do mundo, apesar da gigantesca dívida soberana e do forte crescimento chinês. Do ponto de vista militar, os meios são imensos e a influência é elevada. Por exemplo, não existe nenhuma parte do planeta terra que não esteja sob a área geográfica de responsabilidade de um comando de combate norte-americano. Do ponto de vista material, têm diversos porta-aviões CATOBAR e vários submarinos nucleares, duas peças fundamentais na definição atual de potência hegemónica. Do ponto de vista aéreo, as empresas americanas estão na ponta da tecnologia, equipando as forças com recursos tecnologicamente muito evoluídos. Veja-se, por exemplo, a aplicação de DRONES, considerado um novo modelo de guerra, onde o homem é substituído por robôs. 
Portanto, é necessário definir o conceito de potência hegemónica para determinar se os EUA deixaram de ser o estado mais forte ao cimo da terra. Na minha opinião, os Estados Unidos continuam no topo da cadeia alimentar das nações.


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