
O primeiro
post do blogue tinha que ser sobre o melhor exército que alguma vez existiu. Sem dúvida, a força de Roma. Nesta primeira parte pretendo, resumidamente, demonstrar o armamento defensivo desta força hegemónica (à época).
No tempo de Augusto o exército romano sofreu grandes evoluções a vários níveis, nomeadamente a
protecção de cabeça. As primeiras legiões romanas estavam equipadas com um capacete do "tipo Montefortino" - simples protecções de crâneo encimada por um botão ou porta-plumas. Mas no tempo de Augusto surgiram capacetes do "tipo de Weisenau", que apresentavam um protecção de nuca, abertura para as orelhas (tornando o capacete mais confortável) e reforço frontal.
O capacete presente na imagem é o mais desenvolvido, ou seja, o "
tipo Buggenum". Podem reparar na protecção de nuca bem desenvolvida e inclinada, para dissolver a força do golpe. Para suster os golpes de talho frontais, os romanos melhoraram o reforço frontal ao nível da testa, amortecendo os golpes, habitualmente letais. As paragnátides (protecção de bochecha) são outra grande evolução. Com o recorte semi-circular no bordo da frente, ao nível dos olhos e da boca, protegia-s

e a face e não se dificultava a respiração nem a visão. Embora não tão obvio nesta imagem, estes capacetes mais evoluídos tinham um botão cónico no topo e entalhes para reforço da protecção do crâneo.
Avancemos para as protecções de tronco ou
Loricas. Esta primeira imagem representa a
Lorica Hamata. Esta é bastante semelhante à cota de malha eternizada na era medieval. Consistia numa camisa de anéis de malha metálica entrelaçados. Era uma peça robusta e flexível, no entanto de confecção com

plexa. Para tornar esta protecção mais eficaz e confortável os romanos usavam a
subermalis, uma veste de couro ou de tecido espesso.
A Lorica Squamata (ou loriga de escamas) chegou a Roma pelas mãos dos gregos, sendo oriunda do Médio Oriente. Esta é composta por pequenas placas metálicas fixadas numa base de couro, o resultado final remete-nos para escamas. Era bastante usada pois era de fabrico e reparação fácil, permitia grande mobilidade e tinha uma excelente relação qualidade-preço.
Para finalizar as protecções de tronco,
Lorica Segmentata. Este é a imagem de marca do exército romano, a loriga articulada. Esta é uma peça especi

ficamente romana e consistia em segmentos de finas chapas de metal sobrepostas, ligadas entre si por meio de correias e com placas de ombro articuladas. Pesava aproximadamente 10kg e apertava à frente e atrás. Devido à mobilidade oferecida por esta peça, os legionários podiam trabalhar na construção, junto a postos inimigos, com ela vestida aumento a protecção do militar. Quando despida, esta dobrava em concertina permitindo o armazenamento compacto.
Em relação às protecções de membros, os romanos não os protegiam de forma especial, pois assim limitavam a sua mobilidade. No entanto podemos destacar as grevas (protecções de canelas), pteryges (prolongamentos das protecções de tronco) e as famosas sandálias caligae, talhadas numa peça única de couro e atadas na canela.
Finalmente o scutum. O escudo utilizado no famoso Testudo era o rectangular que surgiu, provavelmente, no tempo de Augusto. As primeiras legiões romanas usavam um escudo oval. Mas é o rectangular que representa o expoente máximo da eficácia defensiva romana. Este era encurvado na base e no topo para facilitar o manejo da gládio e do punhal. Dispunha de muitos reforços metálicos e um umbo muito robusto. Estas peças podiam ostentar elementos decorativos, simbolos e inscrições (por exemplo, registo da coorte e da centúria a que pertencia o portador).