quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Será que as tribos de Tuareg estão aliadas à al Qaeda?

This question has become especially pertinent since the abduction of seven employees of two French companies from their living quarters in Arlit, northern Niger, in September.
The immediate reports on the hostage taking, for which AQIM has claimed responsibility, said that the kidnappers were heard to speak Arabic and Tamashek, the language of the Tuareg. This information subsequently appeared to be contradicted by a Tuareg guard who, having himself been attacked by the assailants, said that he heard them speaking Arabic and Hausa. He made no mention of Tamashek, but his evidence seems to have been ignored on the presumption that he would be unlikely to incriminate his own people.
Hundreds, possibly thousands, of media articles and broadcasts have followed the leads given by the Niger government, Amadou Toumani Touré (ATT), the president of Mali, Bernard Kouchner, the French foreign minister, and Brice Hortefeux, the French interior minister, whose statements suggested that AQIM 'subcontracted' the abduction to the Tuareg.

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sábado, 13 de novembro de 2010

Somália: um quebra-cabeças para a construção de uma nova ordem mundial no século XXI

A Somália é um Estado colapsado, mas nem sempre assim foi. Este trabalho analisa o processo que levou a que tal acontecesse: qual o momento chave em que se pode afirmar que houve um antes e um depois, quais os factores que terão estado na desagregação do Estado e que o impedem de se recompor.

Não há respostas fáceis. Sendo a História um processo contínuo, muitas das raízes dos problemas são profundas e obrigam a recuar no tempo para se poder entender como se desenrolaram todos os processos e porque evoluíram de uma determinada maneira e não de outra. Aparentemente, a Somália teria as condições necessárias para possuir um Estado estável e para constituir uma nação. Repare-se: possui uma base etno-linguística homogénea, não existem minorias significativas, os seus habitantes partilham uma cultura comum, africano-árabe e muçulmana. Mas, na realidade é um país sem coesão, profundamente dividido em linhagens de clãs e sub-clãs, cujos líderes competem entre si pelos recursos disponíveis; retalhado em diversas regiões, na prática independentes entre si. É um Estado-Nação que existe apenas nos mapas.

domingo, 7 de novembro de 2010

bin Laden e o Sahel, legitimidade com fantasmas do passado?

In the case of the audio-tape released to Al Jazeera on October 27, in which he castigated France for its treatment of Muslims, its role in Afghanistan and its intervention in the affairs of Muslims in North and West Africa, few of his (or al-Qaeda's) pronouncements have had greater resonance. Certainly, none have had more impact on North and West Africa, France, nor possibly the EU as a whole. It is likely to have profound implications on the so-called war on al-Qaeda in the Sahara and Sahel, as well as on French and European policies in the region.

domingo, 24 de outubro de 2010

Largar as armas e pegar nas enchadas. Estratégia de Bottom-up?

Ensinar a arte de trabalhar a terra para que os militares africanos possam tornar os seu batalhões autónomos, no plano alimentar. O grande objectivo é que estes levem esse know-how para as suas comunidades.

At Camp Base outside Kisangani, the Congo’s third-largest city, U.S.-trained Congolese soldiers have been “beating swords into plowshares” as part of a project to make their battalion self-sufficient in food production.
In February, U.S. Africa Command (AFRICOM) began a train-and-equip mission with a light infantry battalion of the Armed Forces of the DRC, widely known as FARDC (Forces Armées de la République Démocratique du Congo).



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Uganda: perseguição aos homosexuais

'Hang Them': Uganda Paper Publishes Photos Of Gays

The front-page newspaper story featured a list of Uganda's 100 "top" homosexuals, with a bright yellow banner across it that read: "Hang Them." Alongside their photos were the men's names and addresses.
In the days since it was published, at least four gay Ugandans on the list have been attacked and many others are in hiding, according to rights activist Julian Onziema. One person named in the story had stones thrown at his house by neighbors.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O Poder da Poesia de Guerra

David Cameron escolheu o poema Dulce et Decorum Est, de Wilfred Owen, para o Dia Nacional da Poesia. Esta escolha fez-me pensar no poder que a poesia tem sobre os intervenientes da guerra.

É curioso observar que o estudo dos soldados americanos não se centra apenas em mapas ou procedimentos militares. Estes indivíduos também estudam Wilfred Owen, Siegfried Sasson, Rupert Brooke e Rosenberg. Para comprovar o impacto que a poesia de Owen tem nos militares - "sentimos o que Owen escreve, conseguimos obter uma imagem mental da morte" - afirmou um jovem sargento de Oregon.

Esta poesia descreve a guerra como uma libertação divina, como um sacrifício, como uma limpeza mental. A morte dos autores em campo de batalha reforça estes sentimentos. Owen morreu a 4 de Novembro de 1918, uma semana antes do armistício. Rosenberg também morreu em 1918.

Em suma, as variantes artísticas podem assumir uma função importante na formação do soldado. Um filme, uma música ou um poema podem despertar o patriotismo, o heroísmo, a morte gloriosa...





sábado, 2 de outubro de 2010

DAVID ROHDE: "O que eu vi em cativeiro com os talibãs"



David Rhode, o repórter do New York Times que passou 7 meses nas mãos dos radicais até Junho de 2009, afirmou que "enquanto a história julgar a nossa abordagem aos talibãs como desfavorável, retirar da região não é uma opção". Ou seja, ainda existem muitas questões pendentes.

O discurso centrou-se na índole dos talibãs paquistaneses e afegãos e na sua errada interpretação do mundo ocidental. "Por um lado, o exército paquistanês recebeu dos EUA $10 mil milhões em assistência, por outro alberga um grupo talibã responsável pela morte de 1300 soldados americanos", referiu o jornalista. Podemos verificar que a ameaça é transnacional, pois um grupo sediado no Paquistão actua no Afeganistão.

"A insurreição está viva e prospera". As áreas tribais são pontos nevrálgicos, onde jovens paquistaneses são doutrinados para apoiar os talibãs.

David Rhode venceu duas vezes o Prémio Pulitzer e o prémio Michael Kelly.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Batalha de Hastings, terceira fase

As repetidas retiradas falsas foram abrindo brechas reduzindo a parede de escudos. Por esta altura Haroldo sofre um duro golpe, os seus irmãos, Leofwin e Gyrth foram mortos, ambos com lanças.

Quanto à morte do próprio rei, todas as fontes dizem que ocorreu na fase final da batalha. Apenas uma, William de Jumièges, diz que a sua morte ocorreu na primeira vaga normanda. A forma como Haroldo morre também é retratada de duas maneiras. Em The Carmen, Guilherme avista Haroldo, convocou três guerreiros e avançou até ele – o primeiro, com a sua espada, perfurou-lhe o escudo e derramou sangue; o segundo arrancou-lhe a cabeça; o terceiro espetou-lhe uma lança; e o último elemento cortou-lhe as pernas. Existem dúvidas em relação a esta hipótese, e devemos preferir a tapeçaria de Bayeux para descrever a forma como Haroldo foi morto. Com o constante disparo de setas o rei foi atingido num olho ou cabeça, caindo imediatamente no chão. A tapeçaria mostra que não foi apenas Haroldo a sofrer os efeitos do trabalho dos arqueiros, mas também um normando a cair morto com uma seta na cabeça. Com isto podemos ter uma ideia da intensidade de fogo dos normandos.

Guilherme lança um ataque final envolvendo todas as suas forças. Depois da morte de Haroldo e dos seus dois irmãos, os ingleses ficaram sem comandante. Nestas condições a derrota era inevitável. O melhor que eles podiam fazer era aguentar até ao anoitecer e fugir na escuridão, não conseguiram. A exaustão e a fúria dos ataques normandos foram fatais para os anglo-saxónicos. Depois de um ataque intenso da infantaria, os normandos lançam um ataque final com a sua cavalaria. E desta vez não foi possível aguentar a carga, e o shield-wall, que aguentou cargas sucessivas durante todo o dia, foi completamente destruído. Os ingleses foram obrigados a retirar.

A perseguição foi o que se seguiu. A tapeçaria mostra um grupo de normandos a perseguir, três usando a espada, outro lança e um último usando arco, pronto a disparar. Um grupo pequeno e desamparado de ingleses são os últimos indivíduos a sobreviver na tapeçaria, uns a cavalo, outros a pé. Os únicos a sobreviver foram os que alcançaram o bosque que ficava na retaguarda inglesa. Muitos estavam feridos tornando a fuga difícil ou mesmo impossível.

Durante a perseguição muitos normandos caíram no Malfosse (evil ditch). Este acontecimento é visto pelos autores de maneiras diferentes. Mas todos remetem para a ideia de uma ravina/fosso, bastante acentuada, com vegetação hostil como silvas e espinheiros. Durante a perseguição nocturna é natural que os normandos, estando a combater fora e por isso conhecendo mal o terreno, tenham caído e morrido pela queda desamparada.

É possível que os ingleses tivessem esta posição defensiva para auxiliar as tropas em retirada. Poitiers diz que “batalhões” de homens usaram fossos profundos para se protegerem. Por esta altura o "Conquistador" ordena a Eustance de Boulogne um ataque, que termina com Eustance gravemente ferido. De seguida, Guilherme lidera um ataque que extermina com a oposição.

No final, Poitiers escreveu: “depois de conquistar a sua vitória, o duque cavalgou de volta ao campo de batalha para fitar os mortos. Foi impossível fazê-lo sem sentir dó… a flor da juventude inglesa e a nobreza, jaziam mortos ao longo do terreno”. Nessa noite acampou no campo de batalha, uma maneira tradicional de mostrar vitória.

sábado, 31 de julho de 2010

Batalha de Hastings, segunda fase






















Uma fuga rápida pode gerar o pânico, e com os rumores da morte do conquistador, uma fuga geral podia acontecer a qualquer momento. Nesta altura os normandos estiveram perto da derrota. Guilherme tinha de tirar o elmo e mostrar a sua cara, e foi o que fez. Surge usando um bastão, sinal de comando, e gritou: “eu ainda estou vivo. Com a ajuda de Deus eu ganharei. Que loucura vos faz retirar?”. Depois pegou na sua espada e foi à carga, ordenando que os seus homens o seguissem. Aqui o líder foi à frente dos seus soldados.

Guilherme atacou com tanta impiedade, vigor e confiança que um contra ataque normando se realizou. A partir daqui Haroldo não conseguiu mais virar o jogo para seu lado. A retirada normanda encheu “os olhos” aos ingleses que avançaram em perseguição. De repente os normandos lançam num contra-ataque, massacrando os anglo-saxónicos que estavam longe da protecção do shield-wall.

Alguns historiadores não acreditam naquilo no que William de Poitiers chama de retirada falsa, ou seja, controla. Alegam que seria uma táctica que ia para além das capacidades da cavalaria do séc. XI, e que a cavalaria funcionava em pequenos grupos sendo difícil de controlar uma retirada geral. Por outro lado, o autor defende que era possível. Porque surge nas crónicas, e o poema The Carmen refere que enquanto os cavaleiros fogem, os escudos protegem-lhes as costas.

Nesta altura os ingleses começaram a abrir brechas, obrigando Haroldo a repor a linha da frente com tropas de suporte. Poitiers descreve uma serie de cargas feitas pelos normandos que foram gradualmente destruindo a parede de escudos. Apesar dos bons resultados de Guilherme, ele sabia que o dia estava a terminar e precisava da vitória. O conquistador começou a reagrupar e a preparar a carga final.

Continua...

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Batalha de Hastings, primeira fase

A Batalha de Hastings colocou frente-a-frente Haroldo II de Inglaterra e Guilherme "o Conquistador" da Normandia. Esta foi uma das batalhas mais importantes da idade média. Ocorreu a 14 de Outubro de 1066.

Guilherme formou com os arqueiros na frente, depois uma linha de infantaria, seguindo-se a cavalaria com os bretões à esquerda, outros franceses à direita e o "Conquistador" ao centro. Os ingleses formaram em duas linhas, sendo a primeira o shield-wall e a segunda soldados de suporte.

The Carmen diz que os arqueiros abriram a batalha e que os besteiros apontaram directamente para a face dos ingleses, pois os escudos não eram eficientes contra esta arma. Ouvem-se trompetes, a batalha começa. De seguida ocorre uma carga da cavalaria com os cavaleiros empunhando espada ou lança, sob o braço ou sobre a cabeça. Os ingleses aguentam a carga e as suas lanças e machados, associados ao declive do terreno, tiveram os seus frutos, não se abriram brechas na formação inglesa.

Guilherme teve a confirmação de que a batalha seria difícil. A inclinação do terreno não permitia que os cavalos galopassem convenientemente, reduzindo assim o impacto da carga. Ao chegarem devagar juntos dos ingleses, disciplinados e bem armados, estes tinham vantagem na luta corpo a corpo, tendo oportunidade de usar os seus machados, e a tapeçaria de Bayeux descreve os golpes como implacáveis e letais.

A primeira vaga foi detida e a cavalaria normanda foi obrigada a retirar, levando os ingleses a avançar consideravelmente - alguns “homens das lanças” (spearman) normandos, que combatiam à distância, foram feridos. A primeira fase termina com triunfo dos ingleses e com os normandos a fugir.

Continua...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Guerrilha e Terrorismo, uma visão conceptual

Resolvi trazer para este espaço dois conceitos. O método de Guerrilha e o de Terrorismo. Devemos, em primeiro lugar, reparar na palavra método , pois é disso que se trata. Isto é, o terrorismo, por si só, não constitui uma ameaça, é antes uma forma de combater. A verdadeira ameaça é o grupo, ou indivíduo, que o pratica. Exemplificando, a ameaça é a al-Qaeda e não o ataque à bomba. Existem várias formas de abordar os conceitos, mas proponho as seguintes caracterizações (baseado no Coronel Manuel da Silva):

A técnica de guerrilha baseia-se em pequenos grupos móveis que usa ataques surpresa tentando atingir pontos fracos do adversário e aplica as convenções da guerra, em particular no que se refere ao direito comunitário. Quanto aos elementos que constituem a guerrilha, estes podem ser "civis" armados ou guerrilheiros, mas também forças regulares profissionais (do tipo partisan) ao utilizarem tácticas irregulares, normalmente na rectaguardas das linhas inimigas. A opção pela guerrilha resulta do aproveitamento das condições psicológicas, geográficas e políticas.

A técnica de terrorismo é difícil de caracterizar pois não existe uma definição aceite por todos. Um "terrorista" para uns, pode ser um herói para outros. Apesar de tudo, pode considerar-se o emprego ou ameaça de emprego da violência contra alvos humanos e materiais por um actor que pretende atingir objectivos políticos ou político-religiosos. Quanto aos alvos, este não se limita aos militares, associa-lhes os civis e os não combatentes. O grande objectivo do terrorismo consiste em espalhar o terror, através dos meios de comunicação social. Obrigar os estados a despender mais fundos em segurança e levar os cidadãos a pensar duas vezes antes de entrar em aviões (Nova Iorque), comboios (Madrid), autocarros (Londres)...


Alexander Ulianov, irmão de Lenine, considerava o terrorismo como a única "forma de luta, criada no século XIX, acessível à minoria, que apenas é forte no espírito e na convicção da sua razão contra as ideias de força da maioria".

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Índios Ianomâmis e o Show of Force

Actualmente o termo Show of Force está na moda. Significa demonstração de força, para que o adversário se intimide e perca ânimo, vontade e coragem para entrar em conflito. Basicamente, é um "toma cuidado que eu tenho armas potentes, homens fortes e dinheiro para financiar um conflito". Claro que estas palavras não explicam o conceito, mas ajudam a percebê-lo.

Depois desta introdução, proponho para reflexão os índios Ianomâmis. Apesar de primitivos, usam, à sua maneira, o Show of Force. Evidentemente que não exibem armamento como elemento dissuador, usam antes o Waiteri, seu código de ferocidade. Estes povos oferecem o peito a socos e a cabeça a bastões, tentando demonstrar resistência. A agressão a mulheres também é usada como demonstração de ferocidade.


Tanto no Show of Force do mundo moderno, como o Waiteri dos povos primitivos, o objectivo é o mesmo, dissuadir o adversário.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O Fim dos Mamelucos, os soldados escravos

«Ouçam as minhas palavras e escutem-nas bem, para que vós e outros saibam que entre nós estão os cavaleiros do destino e da morte vermelha. Um único de nós pode derrotar o vosso exército inteiro. Se não acreditam podem tentar, mas, por favor, ordenem ao vosso exército que pare de disparar armas de fogo. Têm aqui 200 mil soldados de todas as raças. Fiquem no vosso lugar e disponham o vosso exército em ordem de batalha. Apenas três de nós vos atacarão [...] verão com os próprios olhos as façanhas destes três. [...] Reuniram um exército com soldados de todos os cantos do mundo, cristãos, gregos, e outros, e trouxeram convosco esta invenção engenhosamente concebida pelos cristãos da Europa por serem incapazes de confrontar os exércitos muçulmanos no campo de batalha. A invenção é o mosquete que, mesmo se uma mulher o disparar, retém mais e mais homens. [...] Desgraçados sejam! Como se atrevem a disparar armas de fogo sobre os muçulmanos?!» Kurtbay, chefe mameluco.

Estas palavras deixam claro que nem todos aceitam a evolução. O poder, a glória e o prestígio definem o estatuto do indivíduo na sociedade. Com a introdução das armas de fogo, os mamelucos perderam o seu poderio no campo de batalha. Eles não admitiam o uso da pólvora, não souberam evoluir nem aprender a velha lição - "quando homens com capacidades equivalentes combatem em termos desiguais, o lado que tem melhores armas sai vencedor."
A cultura não permitiu o avanço...

sábado, 1 de maio de 2010

Forças Armadas Libanesas

O Líbano é um país culturalmente interessante, com um património histórico fenomenal e uma riqueza natural invejável. Assim, estudar o Líbano é um projecto fascinante. Fiz um estudo sobre este país e gostaria de colocar aqui alguma informação sobre as forças deste país mediterrânico.

As Forças Armadas Libanesas carecem de equipamentos modernos e não têm capacidade para enfrentar os sírios ou os israelitas em situação de combate. Os seus equipamentos estão mais adaptados às funções de segurança e policiamento interno, do que às operações de guerra.

Começando pela Força Aérea Libanesa, esta começou a reconstruir a sua força com ajuda internacional. Helicópteros Gazelle fornecidos pelos Emirados Árabes Unidos, no início de 2007, foram utilizados, por exemplo, em combate contra militantes ligados à Al Qaeda. No entanto, a Força Aérea ainda é deficiente no que diz respeito à defesa do ar. Os helicópteros são os elementos mais eficazes para garantir a segurança interna, transporte de tropas, de VIP, missões de Busca e Salvamento e, durante o dia, de patrulha da fronteira. Um número modesto de helicópteros Gazelle, levemente armados, estão disponíveis para observação e luta contra o terrorismo. Também devemos salientar os helicópteros Mi-24 fornecidos pela Rússia. Em 2009, o Líbano aumentou as suas capacidades de apoio aéreo, com a entrega do primeiro de três Cessna 208B Caravan, aviões de vigilância que podem ser equipados com mísseis ar – superfície.

Relativamente à Marinha libanesa, privada de recursos, carece de equipamento moderno e de armamento avançado. Não tem capacidade de combate eficaz e é muito inferior quando comparada com a marinha israelita e síria. O principal foco da Marinha assenta na segurança interna, ou seja, na defesa da costa. Esta missão incluí a vigilância costeira, apoiada por navios da UNIFIL-2 Maritime Task Force (MTF), o combate ao contrabando e operações anti-infiltração, bem como de busca e salvamento e fiscalização de navios de transporte comercial. Tem ainda como missão, manter a segurança portuária, em ligação com os serviços de intelligence militares, e apoiar as forças terrestres, conferindo-lhes capacidade de assalto anfíbio.

O Exército constitui a maior parte das Forças Armadas Libanesas (LAF). No entanto, foi sub-financiado ao longo dos anos. Apesar de tudo, alguns progressos foram feitos quanto à mecanização do exército, com grande número de blindados M113 entregues, na década de 90, pelos Estados Unidos da América. Nos últimos anos, foi dada ênfase à implantação de armas ligeiras anti-tanque e morteiros. Também se verificaram preocupações quanto ao desenvolvimento das forças especiais e quanto à melhoria das capacidades de reacção rápida do exército na luta contra diversas ameaças, incluindo a ameaça representada por grupos extremistas.

quinta-feira, 18 de março de 2010

ETA e o "Comando de Resgate"


ETA apresenta novo modus operandi. Este modelo foi aplicado na noite de terça feira quando a polícia francesa interceptou um grupo de presumíveis etarras. Já com os suspeitos algemados, surgiu um "comando de resgate", transportado em dois carros de alta cilindrada, que disparou à queima-roupa sobre os quatro agentes de autoridade em Damamarie Les-Lyes.

A primeira diferença reside no modo de roubo e na escolha dos veículos furtados. Até ao momento, os etarras roubavam em povoações secundárias veículos menos potentes, um de cada vez, que constavam como mais um furto nas listas policiais. Em Damamarie, os etarras sequestraram em casa o gerente de um stand de automóveis, levaram-no às instalações e escolheram 6 BMW topo de gama, não habituais nos seus roubos (o objectivo habitual é passar despercebido).

A segunda diferença é a capacidade de resgate, usando o factor surpresa e disparos indiscriminados - o que a ETA nunca tinha feito. Aliás, no final da última trégua, a organização pôs de lado cometer atentados em França por temer a resposta da polícia.

Estas alterações na forma de actuar levam alguns investigadores a admitir que um grupo tão numeroso de etarras - os comandos são constituídos por 3 ou 4 elementos - tinha em agenda uma operação em território francês.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Métodos e Alvos do I.R.A.


Os métodos utilizados pelo IRA variam entre guerrilha e terrorismo, sendo este último frequentemente mais utilizado. É de salientar que, no final dos anos 70, dada a sua orgânica vulnerável, o IRA abandonou a organização regular para privilegiar uma estrutura mais móvel e celular, adaptada à luta urbana. Nas zonas fronteiriças e rurais o IRA prefere a guerrilha recorrendo a emboscadas contra patrulhas, tiros de sniper, ataques com morteiros, minas, lança-granadas foguete (RPG´s.) Por outro lado, nas zonas urbanas são utilizados ataques à bomba, disparos à “queima-roupa”, cartas e encomendas com dispositivos explosivos, ameaças falsas, ameaças de morte.

Como exemplos de guerrilha: fevereiro de 1997, tiro de sniper matou soldado britânico perto da base militar de Bessbrook, Armagh; julho de 1998, ataque de morteiro à base da Policia Real de Ulster em County Down.

Relativamente ao terrorismo devemos distinguir os muitos métodos usados:


  1. Ameaças falsas. Junho de 1999 - Continuity IRA fez uma ameaça falsa de bomba em Armagh em hora de ponta gerando o caos; novembro de 2005 - Real IRA fez uma ameaça de bomba falsa no Down Royal Racecourse em County Down. O alerta interrompeu o festival de corridas de cavalos levando à evacuação de 9000 pessoas.

  2. Ameaças de Morte. Dezembro 2009 - Willie Frazer, protestante e líder de grupos pró-unionistas (Love Ulster e Families acting for innocent relatives) recebeu um postal de natal com duas balas.

  3. Disparos à "queima-roupa". 7 Março de 2009 - ataque na base militar de Massereene, Antrim. Morreram dois soldados britânicos e quatro pessoas ficaram feridas; 9 de Março de 2009 - Continuity IRA matou um polícia depois de este ter atendido uma chamada de emergência. Quando chegou ao local foi baleado pelo vidro traseiro.

  4. Ataques à Bomba. Agosto de 1998 - Real IRA fez explodir carro bomba em Omagh provocando 29 mortos (na imagem); junho de 2000 - Real IRA fez explodir uma bomba na linha férrea que liga Dublin a Belfast; maio de 2008 - bomba aplicada sob um carro da polícia. O agente foi retirado do veículo antes de este ser envolvido pelas chamas.

Não devemos esquecer as acções do IRA no estrangeiro. Nos anos 80 devido à eficácia da contra-subversão no Ulster, o IRA atacou tropas britânicas estacionadas na Bélgica, Holanda e Alemanha. Tinha como objectivo denegrir a imagem da Grã-Bretanha no estrangeiro, provocar o aumento do esforço económico britânico no conflito e pressionar a opinião pública britânica no sentido de resolver o problema pressionando o governo.

Finalmente os alvos. Essencialmente o IRA ataca polícias, forças militares britânicas, serviços secretos, políticos e juízes. É de salientar que as forças britânicas prestam especial atenção às centrais eléctricas, docas e terminais de petróleo, bem como importantes postos de observação urbanos.

sábado, 13 de março de 2010

Do Regular para o Irregular

As Guerras do nosso tempo têm seguido uma tendência. Fazem acreditar que o modelo pós-Vestefália, opondo Estado contra Estado, já pertence ao domínio da história.

As Guerras já não obedecem apenas à concepção clausewitziana (Estado, Forças Armadas, População), hoje a violência global é assimétrica e permanente, não tem uma origem clara e pode surgir em qualquer lugar. Posto isto, verifica-se a passagem de um modelo regular para um irregular.
Este método apresenta, naturalmente, novos actores e influências - guerrilhas, crime organizado, terrorismo, tribalismo. Muitos especialistas consideram que este fenómeno se assemelha à era medieval. Ora vejamos, na história existiram estruturas tribais, feudais, religiosas, comerciais e bandos de mercenários que, apesar de não terem soberania, faziam a guerra. Desta forma, concepcionou-se o Neo-medievalismo, onde o Estado perde o uso exclusivo da força.

Outras tendências marcam o sistema irregular. Os teatros de operações tendem a ser urbanos, os indivíduos lutam sem uniforme, misturam-se com a população e usam-na, muitas vezes, como escudo ou moeda de troca. Estes combatentes têm objectivos fluidos, não respeitam limites territoriais dificultando a localização da frente.
O futuro é difícil de prever, mas podemos assinalar algumas tendências. Dificilmente haverá um combate directo entre duas potências. Continuarão a proliferar os conflitos irregulares que colocarão Estados contra milícias, exércitos rebeldes, movimentos independentistas, organizações terroristas e criminosas. É de assinalar que em ambas as tipologias, regular e irregular, a superioridade no acesso e tratamento da informação é determinante.

Para terminar ficam no ar, para reflectir, dois aspectos fundamentais para as guerras do futuro:
-Revolução Militar em Curso
-Empresas Militares Privadas

quarta-feira, 10 de março de 2010

Revolução Militar, quando?

A introdução da pólvora na arte de combater é, para muitos especialistas, o grande objecto de estudo na Revolução Militar. Tenho de concordar que é um momento chave no estudo da guerra, mas não é tão importante ao ponto de ser designado por "revolução". Na minha opinião, trata-se de uma simples evolução tendo em conta a tecnologia da época. Aconteceu naturalmente, pois a tecnologia caminha a par do armamento.

Se atentarmos à evolução das armas, reparamos que estas nunca se mantiveram constantes. Ora vejamos: o Casco (protecção de cabeça) atingiu o seu ponto de maior evolução com o Bacinete (presente na imagem), no entanto este entrou noutro processo evolutivo atingindo o Chapéu de Armas.

A arquitectura militar também deve ser trazida para esta discussão. Se repararmos nos castelos medievais, verificamos que houveram vários picos de evolução - Castelo Roqueiro, Românico, Gótico e Abaluartado. Fica para outro post a explicação de cada um deles, mas o que eu quero dizer com isto é que na arte de guerra sempre que o militar sente que existem melhoramentos a fazer, executa-os. Isto acontece naturalmente, a engenharia vai buscar vários elementos e coloca-os à disposição do militar. O que não seria normal, era descobrir a pólvora e as suas capacidade explosivas e não a adaptar ao uso na guerra.

Para concluir, para ser uma potência é necessária uma investigação constante. Muitas das tecnologias de ponta são direccionadas, em primeiro lugar, para a aplicação militar. Sempre foi, e sempre será assim.

terça-feira, 9 de março de 2010

EXÉRCITO ROMANO (part.3), Dispositivos Tácticos

Neste post falarei dos modelos tácticos romanos descritos por Vegécio, nos finais do séc. IV d.C.

Em primeiro lugar, a Formação em Rectângulo (primeira imagem) era muito comum, mas Vegécio não a considerava a melhor pois o terreno nunca era uniforme e corria-se o risco de ser envolvido pelos flancos. Assim, esta táctica era boa quando se tinha muitos e bons militares, podia-se cercar e esmagar o inimigo.

Por vezes, quando o exército se dispunha em linha recta, apoiava um dos seus flancos numa defesa natural (rio, lago, escarpa, monte, ou até uma cidade). Nesta táctica, toda a cavalaria e infantaria ligeira acentava no flanco que não tinha protecção natural.

Na segunda imagem, apresento a Az Oblíqua a incidir pela direita. No momento do contacto, o general afastava a sua ala esquerda da ala direita do inimigo e atacava a ala esquerda adversária (habitualmente a mais fraca) com a sua ala direita, tentando cercá-lo e alcançar a sua rectaguarda.

Este modelo também podia ser usado em simetria. Ou seja, em vez de atacar a ala esquerda inimiga, atacava-se a direita. Isto acontecia quando se sabia que esta ala era particularmente mais fraca.

Ainda baseado nesta táctica, os romano faziam um dispositivo em espeto, em que a ala esquerda do exército romano alongava em linha recta e mantinha-se afastada da ala direita inimiga. Este modelo era o preferido de Vegécio, pois o adversário via-se impossibilitado de socorrer o seu flanco esquerdo, tanto a partir do seu lado direito como do meio da formação, devido ao recuo projectado pela az romana.

Finalmente, o dispositivo da Batalha de Ilipa usado por Cipião, o Africano. Consistia em, a 600-750m do adversário, lançar as alas repentinamente (colocando em fuga os flancos desprevinidos do adversário) e reter o centro (fixando o centro do adversário impedindo-o de socorrer as suas alas). Este modelo permitia a vitória rápida mas era muito arriscado, segundo Vegécio, desguarnecia bastante o centro e, caso o inimigo não fosse logo vencido, podia atacar os flancos romanos divididos e o centro desprotegido.

Posto isto, reforçou-se o centro com infantaria ligeira com arqueiros, assim caso o inimigo não quebrasse durante o ataque aos flancos, pelo menos o risco de um contra-ataque sobre o centro ficava diminuído.

segunda-feira, 8 de março de 2010

EXÉRCITO ROMANO (part.2), armamento ofensivo

Nesta segunda parte falarei, resumidamente, do equipamento ofensivo dos legionários romanos, individual e colectivo.


A gladius (presente na imagem) era de origem hispânica e foi sabiamente aproveitada pelos romanos. Era uma arma de estoque fabulosa, embora também pudesse ser usada como arma de corte lateral, pois tinha uma lâmina robusta com duplo gume. Era usada do lado direito (excepto porta-estandartes e centuriões) para evitar que o militar movesse o escudo que segurava com a mão esquerda. Era fabricado em ferro ou em aço de alta qualidade. O pomo podia ser de madeira ou marfim.


O Punhal, de origem ibérica, era a arma mais pessoal do legionário, símbolo de poder, prestígio e autoridade. Frequentemente, utilizavam-no para exterminar o adversário ferido. Era usado do lado esquerdo, podia atingir os 35cm de comprimento e a sua lâmina tinha a forma de folha larga.


O Pilum, de origem romana, era um dardo de arremesso composto por uma longa haste de ferro ligada a um cabo de madeira e munida de uma ponta afilada em forma de pirâmide. Tinha 2m de comprimento e um alcance útil de 12m a 14m. Quando bem arremessado, podia trespassar escudos e lorigas. No entanto, tinha um ponto fraco - velocidade de voo. O adversário podia esquivar-se, capturar o Pilum e lançá-lo de volta. Posto isto, ele foi redesenhado de maneira a encurvar no momento do impacto.


Relativamente às armas colectivas, todas se baseavam no mesmo príncipio: armazenar energia em feixes de crinas de cavalo ou de tendões de animais fortemente retorcidos. Cada legião tinha dezenas de peças de artilharia. Individualmente:
Catapulta. Tratava-se de uma máquina ligeira que disparava pequenos dardos, com grande precisão. A catapulta é, muitas vezes, remetida para o ónagro (imagem seguinte) pela associação ao equipamento medieval.

Ónagro. Menos manobrável, de um só braço, para arremesso violento de pedras grandes.

Balista. A antecessora da besta medieval, mas em ponto grande e com dois braços independentes.

domingo, 7 de março de 2010

EXÉRCITO ROMANO (part.1), armamento defensivo


O primeiro post do blogue tinha que ser sobre o melhor exército que alguma vez existiu. Sem dúvida, a força de Roma. Nesta primeira parte pretendo, resumidamente, demonstrar o armamento defensivo desta força hegemónica (à época).


No tempo de Augusto o exército romano sofreu grandes evoluções a vários níveis, nomeadamente a protecção de cabeça. As primeiras legiões romanas estavam equipadas com um capacete do "tipo Montefortino" - simples protecções de crâneo encimada por um botão ou porta-plumas. Mas no tempo de Augusto surgiram capacetes do "tipo de Weisenau", que apresentavam um protecção de nuca, abertura para as orelhas (tornando o capacete mais confortável) e reforço frontal.



O capacete presente na imagem é o mais desenvolvido, ou seja, o "tipo Buggenum". Podem reparar na protecção de nuca bem desenvolvida e inclinada, para dissolver a força do golpe. Para suster os golpes de talho frontais, os romanos melhoraram o reforço frontal ao nível da testa, amortecendo os golpes, habitualmente letais. As paragnátides (protecção de bochecha) são outra grande evolução. Com o recorte semi-circular no bordo da frente, ao nível dos olhos e da boca, protegia-se a face e não se dificultava a respiração nem a visão. Embora não tão obvio nesta imagem, estes capacetes mais evoluídos tinham um botão cónico no topo e entalhes para reforço da protecção do crâneo.



Avancemos para as protecções de tronco ou Loricas. Esta primeira imagem representa a Lorica Hamata. Esta é bastante semelhante à cota de malha eternizada na era medieval. Consistia numa camisa de anéis de malha metálica entrelaçados. Era uma peça robusta e flexível, no entanto de confecção complexa. Para tornar esta protecção mais eficaz e confortável os romanos usavam a subermalis, uma veste de couro ou de tecido espesso.



A Lorica Squamata (ou loriga de escamas) chegou a Roma pelas mãos dos gregos, sendo oriunda do Médio Oriente. Esta é composta por pequenas placas metálicas fixadas numa base de couro, o resultado final remete-nos para escamas. Era bastante usada pois era de fabrico e reparação fácil, permitia grande mobilidade e tinha uma excelente relação qualidade-preço.



Para finalizar as protecções de tronco, Lorica Segmentata. Este é a imagem de marca do exército romano, a loriga articulada. Esta é uma peça especificamente romana e consistia em segmentos de finas chapas de metal sobrepostas, ligadas entre si por meio de correias e com placas de ombro articuladas. Pesava aproximadamente 10kg e apertava à frente e atrás. Devido à mobilidade oferecida por esta peça, os legionários podiam trabalhar na construção, junto a postos inimigos, com ela vestida aumento a protecção do militar. Quando despida, esta dobrava em concertina permitindo o armazenamento compacto.


Em relação às protecções de membros, os romanos não os protegiam de forma especial, pois assim limitavam a sua mobilidade. No entanto podemos destacar as grevas (protecções de canelas), pteryges (prolongamentos das protecções de tronco) e as famosas sandálias caligae, talhadas numa peça única de couro e atadas na canela.

Finalmente o scutum. O escudo utilizado no famoso Testudo era o rectangular que surgiu, provavelmente, no tempo de Augusto. As primeiras legiões romanas usavam um escudo oval. Mas é o rectangular que representa o expoente máximo da eficácia defensiva romana. Este era encurvado na base e no topo para facilitar o manejo da gládio e do punhal. Dispunha de muitos reforços metálicos e um umbo muito robusto. Estas peças podiam ostentar elementos decorativos, simbolos e inscrições (por exemplo, registo da coorte e da centúria a que pertencia o portador).