segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

JIRAE, um blogue para investigadores

Caros leitores!
Hoje vou partilhar um blogue muito interessante para os estudantes e investigadores que se dedicam ao estudo do continente africano, dentro das ciências sociais. No http://jirafricaendeavor.blogspot.com/ encontram muitos papers e livros sobre a temática. É deveras útil. Toda a informação está disponível de forma gratuita.


sábado, 21 de janeiro de 2012

Livros: KGB de José Manuel Diogo

Mais do que a história da KGB, José Manuel Diogo trata o passado das secretas russas. Conta-nos a evolução, internacionalização e os loucos anos da Guerra Fria. O autor consegue misturar pequenas partes da história da Rússia, e seus líderes, com o passado dos serviços de informação, relatando mesmo factos concretos: "Sergei Kirov caminhou sozinho pelas ruas até que, das sombras, saiu um agente de Yagoda, que lhe deu um tiro na nuca."

O jornal Público lançou-nos esta boa sugestão de leitura para o fim de semana.

A Revolta dos Renegados

Um soldado afegão em formação resolveu disparar sobre 4 aliados franceses, assassinando-os. Nicolas Sarkozy, presidente francês, reagiu de imediato com o envio do ministro da defesa e do chefe de estado maior para o Afeganistão, ameaçando com a retirada antecipada.

Este acontecimento resultou no aumento do número de mortos de soldados da NATO por soldados afegãos renegados, tendo a aliança reportado "a desconfiança e o desdenho que ambos [afegãos e NATO] sentem uns pelos outros", constituindo "o mais visível sintoma de uma doença ainda mais profunda que afecta os esforços de guerra".
Estes acontecimentos podem ser estimulados por dois catalisadores distintos. Por um lado, existe a possibilidade de existirem infiltrados da al-Qaeda no cerne do exército afegão. Por outro, a incompatibilidade da doutrina militar ocidental na cultura afegã, associada ao patriotismo desmedido resultante de 10 anos de ocupação e fraca governação.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

"Querido líder", adeus

Kim Jong-il morreu, tinha 69 anos. Segundo o comunicado oficial  do regime norte-coreano, o "grande líder faleceu de fadiga física pela dedicação da sua vida ao povo". Talvez por isso tenham escorrido tantas lágrimas.

Concretamente, o que significa a morte do ditador? No imediato, o aumento do nível de alerta da Coreia do Sul. Isto já aconteceu à 17 anos atrás, quando Jong-il tomou o lugar do seu pai, Kim Il-sung. Sabe-se que os atritos entre o norte e sul são intensos e perigosos, portanto a agitação de Seoul pode provocar movimentações em Pyongyang.
Por outro lado, existe o problema da sucessão. Kim Jong-un assumiu o poder, um jovem na casa dos 20 com formação na Suíça. Até que ponto está este jovem preparado para liderar um regime que faz o culto do líder? Estará ele preparado para líderar um exército com um milhão de homens? Qual o destino do armamento nuclear? Hoje, estas questões não têm resposta, mas é legítimo pensar que a falta de experiência pode representar um ponto fraco.
Certamente, não se deve esperar por uma reforma política voluntária. Do ponto de vista económico e social poderia ser vantajoso, uma vez que poderiam instaurar mais acordos comerciais, aumentando no imediato as exportações. Mas esta abertura política pode colocar o regime em risco, nomeadamente pela aproximação geográfica com a prospera Coreia do Sul.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Israel VS Irão

Telavive insinuou a possibilidade de um ataque ao Irão. Ao que parece não se trata de retórica.
Em 1981, a Operação Opera, conduzida pelos israelitas, teve como alvo o reator nuclear de Osirak, Iraque. Em 2007, a Operação Pomar lançou mísseis sobre a região de Deir ez-Zor, Síria. Nas últimas três décadas, Israel surpreendeu, por duas vezes, os países vizinhos. O Irão tem tudo para conceber armamento nuclear, o Urânio abunda e os conhecimento são suficientes. Cuidado. Um ataque militar pode estar eminente, pois a via diplomática parece esgotada. Veremos, ansiosamente!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Henry Kissinger

Outrora Kissinger disse: "o que conta nos chefes de estado é a coragem, a astúcia e a força". Claramente realista, ele dizia que as emoções não servem para nada. Venceu o prémio Nobel da paz em conjunto com Le Duc Tho, embora este o tenha recusado. Viveu intensamente a guerra do Vietname, tendo sido um dos responsáveis pelo seu fim.

domingo, 23 de outubro de 2011

História, Russel e as vontades coletivas e individuais

A História é feita por todos ou por poucos? Depende das leis universais ou apenas de alguns indivíduos?
Bertrand Russel, à luz da conjuntura da Guerra Fria, dizia: «Deixa andar, o que acontece no mundo não depende de ti. Depende realmente do senhor Kruchtchev, do senhor Mao-Tsé-Tung, do senhor Foster Dulles. Se eles nos disserem: "morrei", nós morremos"; se nos disserem: "vivei", nós vivemos." Sábio!
Ao olhar para a sociedade dos nossos tempos, verificamos que a vontade individual sobrepõe-se à coletiva. Nós, o povo, gostamos da democracia. Teoricamente, temos representação no parlamento, não somos esquecidos. De facto, a única altura em que temos capacidade de decisão é nas urnas de voto. Escolhemos um indivíduo, ele encarregar-se-à de escolher o resto.

sábado, 22 de outubro de 2011

A morte e o Khadafi

Diz um provérbio árabe: "teme aqueles que têm medo de ti". Khadafi colheu o que semeou. Tratava o seu povo como uma plantação de escravos, destruiu a sociedade civil e implodiu com as estruturas soberanas. Chegaram ao fim os 42 anos de poder do auto-intitulado "Rei dos Reis de África".
O coronel Khadafi, que recusou ser general, morreu em Sirte, sua terra natal, sendo o seu leito da morte o mesmo do nascimento. No geral, foi melhor assim. Muitos cidadãos desejavam o seu julgamento. Aqui, residiam muitos problemas.
Onde seria julgado Khadafi, Líbia ou Haia? Ambas as opções levantavam problemas. No primeiro caso, convém lembrar que o ditador destruiu o sistema judicial líbio, pelo que era necessário reconstrui-lo em tempo recorde para permitir o julgamento. Se fosse conduzido para Haia, os receios seriam de outra natureza. Nos últimos anos, sabe-se que existiram relações próximas, e até certo ponto de afeto, entre o regime líbio e os serviços de informações de vários países ocidentais, assim como com várias companhias petrolíferas. Seria complicado se Khadafi revelasse, em pleno julgamento, detalhes que comprometessem os países ocidentais. O julgamento do ditador podia ser um tiro no pé para alguns desses países, principalmente na opinião pública.
Outro aspeto a considerar consistia na consistência das infraestruturas prisionais líbias. Sabe-se que a familia Khadafi tem meios financeiros e nutre amizade com alguns líderes mundiais, designadamente com Bouteflika da vizinha Argélia. Estes meios poderiam proporcionar, com recurso a mercenários, tentativas de libertação, assaltando a estrutura prisional e subornando os guardas.
A morte acabou por ser a solução mais simples. Falta Saif-Khadafi.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Amor à primeira vista: Entrevista com a História

Casualmente, tropecei numa feira de antiguidades. Alguns chamam-lhe de colecionismo. Reparei no livro "Entrevista com a História", de Oriana Fallaci. Sujo, mas bonito. Estava à minha espera, não tenho dúvidas. Lá dentro, uma riqueza incalculável que comprei com 1 euro emprestado.
No momento em que o tive na mão pela primeira vez, ainda desconhecendo o seu conteúdo, senti que a aplicação das palavras "entrevista" e "história" na capa, só podia significar qualidade. Henry Kissinger, Yasser Arafat, Indira Ghandi, Ali Bhutto, Willy Brandt, entre outros, esperavam por mim. Fallaci conduzia a conversa como ninguém. Viveu noutros tempos, onde os caracteres e a publicidade não se sobrepunham à qualidade do conteúdo.
O que me entristeceu foi reparar que não há respeito pelo conhecimento. O homem que me vendeu este pedaço de história desconhece, muito provavelmente, o sentido da Guerra Fria, quanto mais os nomes destas personagens. Mas o que me choca é sentir que este livro podia ser pisado e pontapeado sem que ninguém reparasse. Lá dentro estão pessoas que mudaram o mundo, respeito por favor.