quinta-feira, 28 de julho de 2011

A desgraça de um povo desgraçado

Se o sofrimento fosse um estado, a Somália seria o seu parceiro número um. Depois da grave fome de 1991-1992, tendo morrido 300 mil pessoas, a ONU declara, oficialmente, o estado de fome em duas regiões do sul da Somália - Bakool e Baixa Shabelle - onde vivem 3.7 milhões de pessoas, quase metade da população somali. A adicionar a estes cidadãos africanos, mais 9 milhões em todo o Corno de África correm o risco de perecer perante a fome demoníaca. Procuram o "estatuto" de refugiados em campos altamente lotados, tanto na Etiópia como no Quénia. O al-Shabaab, "a juventude", dificulta as operações humanitárias, intitulando os funcionários internacionais de "cruzados" e "espiões do ocidente".
Convém refletir. Os grupos insurrecionais somalis podem tirar partido da ajuda humanitária internacional. Em primeiro lugar, é uma forma de garantir o abrandamento dos ataques norte-americanos, executados maioritariamente por drones, aos líderes rebeldes. Não faria sentido, simultaneamente, acordar a ajuda e executar operações seletivas, com força letal, contra dirigentes rebeldes. Portanto, esta crise humanitária providencia um escudo temporário aos aliados da al-Qaeda naquela região. Por outro lado, a fome estimula o sistema de subornos, matéria que os insurretos vão explorar. Isto é, a crise pode servir de fonte de rendimento para estes grupos. Ainda a acrescentar, alguns destes bens alimentares podem ser desviados e usados para atrair indivíduos.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A fome, a Somália e o terror do al-Shabab

O Corno de África vive um dos períodos mais negros da sua história. A fome assola aquela região e as agências internacionais têm-se revelado impotentes para responder à crise humanitária. A seca é a pena capital para muitos cidadãos africanos.

Al-Shabab luta pelo poder contra o Transitional Federal Government, este reconhecido como legítimo pela comunidade internacional e aquele considerado como grupo terrorista pelos EUA. O primeiro considera que o ocidente está a exagerar na dimensão que esta crise representa, afirmando que os ocidentais apenas pretendem deturpar a imagem deste grupo aliado da al-Qaeda. O que é certo, o apoio da população a este grupo começou a decrescer, revelando que o problema é sério e que os cidadãos percebem que o al-Shabab não responde as necessidades do povo.
Infelizmente, sem o consentimento deste grupo vai ser complicado prestar ajuda às populações, pois a ameaça é elevada. Uma hipótese é enviar ajuda via aérea, embora não estando garantida a distribuição pelos que mais necessitam. É necessário confiar nos grupos locais e esperar que no meio de tanta ideologia e ódio político ainda exista um lado humano.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Livros: "Reconciliação: O Islão, A Democracia e o Ocidente" de Benazir Bhuto

 São parcas as palavras que podem descrever a visão de Benazir Bhuto na sua obra. Ela refere sempre que o povo do Paquistão estará sempre em primeiro lugar. Entenda-se, primeiro do que a família. Entenda-se, primeiro do que os filhos. Bhuto revelou neste livro o amor incondicional e inconsciente que nutria pelo país que a viu nascer.


O combate político da família Bhuto foi dramático, mas compensador. Benazir Bhuto e seu pai morreram, mas o seu legado será eterno. Serviram de exemplo e inspiração à população do Paquistão.
Neste livro - "Reconciliação" - Benazir parte com a ideia de que "existe um potencial para a radicalização de muçulmanos de todo o mundo num ambiente político de ditadura e autoritarismo". No caso do Paquistão, a situação ainda era pior, pois a ditadura era militar. O general Musharraf estava no poder, pelo que não existia uma fonte militar independente capaz de combater os extremistas.
Esta era a preocupação de Benazir Bhuto. Infelizmente foi assassinada quando participava na corrida para as eleições legislativas.
Hoje, é o seu marido que está no poder.