quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A China também é hipocrita

É verdade que a hipocrisia marca a agenda internacional. Também é verdade que os países, por vezes, são forçados a isso. Ora a China não é excepção.
 A China manteve acordos de armamento com o regime do coronel Khadafi que violavam a resolução 1970 da ONU. É verdade que isto não é novo. No entanto, o que realmente merece reflexão é o facto da China ter aprovado essa resolução. Por um lado, aprova e revela compromisso e, por outro, desenvolve negócios metendo ao bolso uns milhões. Ora, os interesses coordenam a acção. É a veia realista do estado a falar.
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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

África tem futuro!

Sabemos que é importante exportar para crescer, sem nunca descurar o consumo interno. Agora vejamos, os EUA cresceram 1,1% e a Europa 0,7%. Por outro lado, a China cresce 9% e a Índia 7,5%. Mas a verdadeira surpresa reside em Angola. Este país africano é o país que mais cresce, 10,8%. Ora, se é importante exportar, creio que os números são esclarecedores. África pode ser a solução. Portugal pode tirar grandes vantagens do crescimento angolano, a começar pela nossa afinidade cultural.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ai ai, o power shifting!

A Europa está a perder. A opinião pública norte-americana começa a olhar para o oriente. 51% dos cidadãos norte-americanos consideram que os países asiáticos são mais importantes para os seus interesses nacionais. Apenas 38% consideram os países da União Europeia.

domingo, 18 de setembro de 2011

Khadafi ainda não caiu

Do ponto de vista político, Khadafi perdeu todo o seu poder. A capacidade armada ainda lhe confere alguma influência interna, o dinheiro e o ouro permite-lhe ter poder externo. Os confrontos à entrada de Sirte intensificam-se e não se revelam fáceis os próximos tempos. Este é o bastião do coronel, até hoje impenetrável. É verdade que os voos da NATO continuam a sobrevoar e a atingir alvos do antigo ditador, mas não surtiram o efeito desejado.


O governo nacional de transição considera que a situação estará resolvida numa questão de dias, mas os intensos combates fazem acreditar no contrário. Seria importante capturar o coronel, pois caso contrário o conflito pode durar anos. De facto Sirte e Bani Walid irão cair e os rebeldes sairão vencedores, ou pelo menos tudo aponta para esse cenário. No entanto, os seguidores de Khadafi, com o coronel "à solta" podem aderir às técnicas de terrorismo e guerrilha para enfrentar o poder de Trípoli. Convém lembrar que Khadafi foi um patrocinador de terrorismo, sendo o mais mediático o atentado de Lockerbie.

sábado, 17 de setembro de 2011

Sabedoria de Napoleão, 1

Outrora, Napoleão Bonaparte disse:

A teoria não é a prática da guerra.

A distância entre a teoria e a prática é, para alguns, impossível de percorrer. De forma essencial, a guerra é uma arte prática, onde a teoria serve o pensamento em tempos de paz. Em guerra, aplica-se o conhecimento, por vezes insuficiente na resposta às contingências. A teoria tem dificuldade em particularizar, a prática deve superar.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Formas de atacar

Desde 2001, mais de 2000 indivíduos foram executados com recurso a drones (aviões não-tripulados) pelas tropas norte-americanas. Guantanamo continua a servir como prisão para suspeitos de terrorismo, sem julgamento marcado. Obama autorizou a CIA a continuar com as "rendições", isto consiste em transferir suspeitos para países que colaboram com os EUA. O terrorismo tem, ainda, uma forte influência no desenvolvimento da politica externa norte-americana.


Descontentamento

De acordo com o Wall Street Journal e a NBC News, 51% dos norte-americanos disseram estar descontentes com a gestão de Obama. No mesmo estudo, 44% admitiu votar num candidato republicano.
Estes números não são nada otimistas para o presidente Obama. Pelo cenário apresentado, nem a morte de Bin Laden nem a vitória na Líbia parecem ter dado grande vantagem a Barack Obama.

Conferência de Imprensa

O comandante do AFRICOM, General Carter Ham, tem revelado grande preocupação com o terrorismo na região do Sahel. Esta conferência de imprensa, realizada em Argel, revela isso mesmo.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Somália...

Tinha como título: "As an Enemy Retreats, Clans Carve Up Somalia", The New York Times

Discriminação, Ódio, Estupidez

Na Líbia, as autoridades do Conselho de Transição Nacional têm vindo a deter arbitrariamente cidadãos da África Subsariana. É verdade que, em alguns casos, podem existir razão para o fazer, no entanto é necessário pensar no termo "arbitrariamente".

A utilização de mercenários no conflito líbio, por parte de Khadafi, pode ter aumentado o racismo e o ódio naquele país. A conivência do Níger com a família Khadafi também pode estimular esta discriminação perante os cidadãos da África Subsariana. No entanto, nada justifica as detenções arbitrárias. 
Até à deposição do regime do coronel, vivia-se em ditadura e a liberdade era uma miragem. Depois da revolução, continua-se a viver com medo. É importante que as investigações policiais ocorram de acordo com regras e procedimentos. O poder político deve procurar aplicá-las o mais rapidamente possível. 

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Khadafi e os Rebeldes

De acordo com a Amnistia Internacional, tanto as forças de Khadafi como as dos rebeldes cometeram crimes de guerra. Assim, não foram apenas as tropas do coronel a esquecer as regras do jogo.



De forma geral, o modo de atuação das tropas de Khadafi é mal visto. Correto. No entanto, é importante olhar, sempre, para os dois lados. Cruzar informação para melhor definir uma opinião. Foi o que a Amnistia Internacional fez. Os rebeldes não são santos!
Compreende-se que a sede de vingança era maior do que nunca, pelo que é fácil de perceber estes "ajustes de contas". Ainda a acrescentar, a utilização de mercenários pelo coronel Khadafi também estimulou, ainda mais, este cenário.

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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O fim da hegemonia, talvez um dia

No dia 11 de setembro de 2011, o jornal Público lançou uma questão da autoria de Nuno Severiano Teixeira, remetendo os seus leitores para a reflexão. A pergunta era a seguinte: "O atentado ao arquiduque Francisco Fernando da Áustria, em 1914, desencadeou a primeira guerra mundial. Foi o princípio do século XX e o princípio do fim da hegemonia europeia. O atentado do 11 de setembro desencadeou a guerra contra o terrorismo. Terá sido o princípio do século XXI? E o princípio do fim da hegemonia americana?"

Esta é uma excelente questão, merecedora de uma profunda reflexão. A primeira parte da questão, de carácter informativo, envia-nos para um passado distante, mas atual. Depois do atentado de 1914, o mundo mudou, tal como em 2001. No primeiro caso, a Primeira Guerra Mundial e, por consequência, a Segunda Grande Guerra destruíram a Europa e os EUA ascenderam, naturalmente, como a potência hegemónica. No segundo caso, os Estado Unidos iniciaram uma guerra global contra uma tática que conduziu e condicionou a política externa da administração Bush. Aqui começam as diferenças. 
Em 1914, a guerra resultante opôs estados contra estados, isto é, verificou-se um conflito de índole regular. Por outro lado, depois do 11 de setembro os EUA iniciaram uma guerra contra forças irregulares, deixando de haver potências de ambos os lados. Os estados fortes deixaram de representar a grande ameaça, passando a ocupar o lugar os estados fracos, falhados e colapsados. Convém referir a incongruência do termo "Guerra Global contra o Terrorismo". Teoricamente, o terrorismo é uma técnica insurrecional, tal como a guerrilha. Por si só, não representa uma ameaça. A ameaça é quem pratica a técnica. Respondendo à primeira parte da pergunta, devido às mudanças verificadas no mundo após o 11 de setembro pode-se afirmar que, depois dessa data, o século XX terminou e uma nova era começou.
Quanto ao fim da hegemonia americana, a segunda pergunta, a questão assume  novas dimensões, uma vez que é muito difícil definir, corretamente, uma potência hegemónica. Será aquela que tem maiores meios militares ou financeiros?  De facto, os EUA ainda são a maior economia do mundo, apesar da gigantesca dívida soberana e do forte crescimento chinês. Do ponto de vista militar, os meios são imensos e a influência é elevada. Por exemplo, não existe nenhuma parte do planeta terra que não esteja sob a área geográfica de responsabilidade de um comando de combate norte-americano. Do ponto de vista material, têm diversos porta-aviões CATOBAR e vários submarinos nucleares, duas peças fundamentais na definição atual de potência hegemónica. Do ponto de vista aéreo, as empresas americanas estão na ponta da tecnologia, equipando as forças com recursos tecnologicamente muito evoluídos. Veja-se, por exemplo, a aplicação de DRONES, considerado um novo modelo de guerra, onde o homem é substituído por robôs. 
Portanto, é necessário definir o conceito de potência hegemónica para determinar se os EUA deixaram de ser o estado mais forte ao cimo da terra. Na minha opinião, os Estados Unidos continuam no topo da cadeia alimentar das nações.